segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Menino soterrado em abril dá lição de solidariedade

O número de mortos na região serrana do RJ subiu para 630

Um garoto de pouca idade, mas que já tem muito a ensinar. Em meio à solidariedade de tanta gente, a história de Renato Lucas, 11 anos, se destaca entre os voluntários da Cruz Vermelha que passaram o fim de semana separando doações e carregando caminhões que seguiam para a Região Serrana. Soterrado no deslizamento de terra que matou dezenas de pessoas no Morro dos Prazeres, em Santa Teresa, nas chuvas de abril do ano passado, o menino fez questão de ajudar as novas vítimas das chuvas.

Com uma camiseta que retratava toda sua esperança, Renato relembrou as horas de angústia que passou quando estava sob os escombros da casa da tia, onde havia passado aquela noite. O garotinho conta que rezava para não ser esquecido ali.
Foto: Rafael Moraes / Agência O Dia
Renato divide um quarto com cinco irmãos e levanta cedo para ajudar desabrigados da Serra recolhendo donativos na sede Cruz Vermelha no Rio | Foto: Rafael Moraes / Agência O Dia
“Eu tinha acabado de acordar e estava no banheiro. Chovia muito e escutei quando uma grande pedra desceu o morro. Tudo desabou em cima de mim. Fiquei com areia nos olhos e sem conseguir me mexer. Pensei que ia ficar ali até morrer, e não escutava nada.Tentava gritar, mas entrava terra na minha boca. Minha tia, meu irmão e eu fomos resgatados, mas meu amigo de 8 anos morreu”.

Renato ficou internado no Hospital Souza Aguiar. A tia perdeu tudo, mas o triste acontecimento não convenceu a mãe dele a deixar a casa interditada pela Defesa Civil para trás. Caçula de seis filhos, ele e os irmãos foram morar com o pai em um quartinho alugado no Centro: “Para ninguém morar na rua”, explica.

Diante da pequena televisão do quartinho, o menino que sonha ser militar do Exército se comoveu com a tragédia na Região Serrana e acordou cedo para ajudar. Antes de carregar embalagens com garrafas d’água no ombro, Renato entregou duas bermudas e camisetas que já não cabiam mais nele. “Quando precisei, muita gente fez por mim. Sei como é esse sofrimento”.

Aluno do 4º ano da Escola Municipal Tiradentes, no Centro, Renato sabe bem o que facilitou a avalanche de pedras que destruiu o Morro dos Prazeres. “As pessoas tacavam lixo lá em cima e ia acumulando. Ninguém respeita o meio ambiente”, critica. ( O Dia Online e blog Dom Severino)


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