segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Moradores da Região Serrana do Rio ainda não sabem como recomeçar

O cenário é de destruição e os relatos de pavor. Seis dias depois da enchente que devastou boa parte do município de Nova Friburgo, na região serrana do Rio, muita gente ainda não sabe o que vai fazer para tocar a vida.

Alguns, como a professora Norma Sueli Nogueira, moradora do bairro de Santa Bernadete, um dos mais atingidos pelas chuvas, querem deixar a cidade o mais rápido possível, mesmo que isso signifique abandonar o que restou de sua casa e a história que construiu ao longo de mais de 20 anos vivendo na região. Descalça, com os pés totalmente sujos de barro e emocionalmente abalada, ela disse que viveu momentos de desespero durante a tragédia.

Foto: Divulgação
Vista do bairro de Duas Pedras, que ficou destruído com as fortes chuvas que atingiram o município de Nova Friburgo | Foto: Divulgação
“A minha casa não foi derrubada, mas isso aqui é só destruição. Além disso, se a casa do meu vizinho da rua de cima cair, ela vem pra cima da minha e aí o estrago vai ser maior”, contou ela, que disse estar tentando transporte para o município de São Fidélis, também no interior do estado, onde tem parentes.

Perto da casa da professora, as marcas da catástrofe estão espalhadas. Postes tombados, fios arrebentados, enormes pedras que rolaram arrastando tudo o que estava pela frente, carros virados de cabeça para baixo, muros destruídos, paralelepípedos arrancados pela força da água e casas ainda soterradas pela terra que desceu das encostas.

Foto: Divulgação
Destruição e muita lama nas ruas de Nova Friburgo | Foto: Divulgação
Outro morador do bairro, o estudante Luan Knupp, de 17 anos, narrou com lágrimas nos olhos o primeiro dia da tragédia. Ele tirou dos escombros, em meio à escuridão, uma criança de três anos, ainda viva.

“Eu pisei na mãozinha dela e percebi que ali tinha alguém. Não dava para ver nada direito porque estava tudo muito escuro, mas a cada relâmpago a gente tinha uma pequena ideia do que estava à nossa volta. Comecei a cavar e consegui tirá-la da terra. Coloquei a menina no meu ombro e a carreguei até um hospital particular aqui perto. Mas quando chegou lá, ela não resistiu”, lamentou.

O acesso de carro à região só foi liberado no domingo, mas em alguns pontos ainda é difícil trafegar por conta da lama que toma conta de pistas e calçadas. Policiais militares tentam organizar o trânsito na localidade, alterando as mãos das ruas e permitindo retornos onde antes era proibido. (O Dia Online e blog Dom Severino)

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