Hélio Bicudo, 90 anos, advogado e
procurador de Justiça aposentado de São Paulo, é o que se costumava chamar de
homem de bem. Católico, vida pessoal impecável, foi ele quem teve a coragem de
enfrentar o esquema macabro do Esquadrão da Morte em plena vigência da
ditadura, pondo a nu seus crimes e levando integrantes à cadeia.
Ligado
originalmente à democracia cristã e ao falecido governador Carvalho Pinto, o
editorialista do Estadão que eu, então jovem redator do Jornal da Tarde,
cumprimentava no elevador da velha sede dos dois jornais na Rua Major Quedinho
— olhos muito azuis, físico diminuto e sempre ereto, levando uma
invariável pastinha de couro repleta de papéis –, para surpresa de muitos
filiou-se ao PT em seus primórdios.
Chegou a ser candidato a vice-governador de São Paulo na
chapa de Lula, em 1982, e sua ligação com o ex-presidente era tão profunda que
após a derrota abrigou o abatido companheiro em sua própria casa durante
um mês. Foi secretário da prefeita Luiza Erundina, candidato ao Senado pelo PT,
vice-prefeito de Marta Suplicy.
Mas se desiludiu com o PT e com Lula. Desligado há anos do
partido, hoje acha que Lula só queria o poder para se locupletar, considera que
os apregoados ideais do começo do PT não eram verdadeiros, que Lula nunca quis
ser “Pai dos Pobres”, mas, sim, tutelar os pobres em seu próprio benefício.
Critica o aparelhamento do Estado promovido pelo
ex-presidente, sua sede de poder e põe em questão até a riqueza pessoal que
Lula teria acumulado. Font: Veja.com
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