Huber
Matos, o único dos comandantes históricos da revolução cubana que estava no
exílio após criticar Fidel Castro, morreu hoje num hospital de Miami, nos
Estados Unidos, aos 95 anos, informou hoje a agência noticiosa EFE.
As suas últimas palavras,
segundo disse à EFE o seu neto, foram para Cuba e para a continuação da luta
pela liberdade na ilha.
"A luta continua. Viva Cuba
livre" foram algumas das últimas frases do ex-comandante Huber Matos, que
liderava o movimento dissidente "Cuba Independente e Democrática"
(CID).
Huber
Matos, descrito pelo neto como um "homem humilde e sincero que amava Cuba com
toda a sua alma", foi o único dos comandantes revolucionários que se
atreveu a enfrentar Fidel Castro ao insurgir-se contra a orientação totalitária
da política deste, após a vitória dos guerrilheiros em 1959.
Rogelio
Matos, filho de Huber Matos, enalteceu o "valor" e a
"dignidade" do ex-comandante em enfrentar e questionar a política de
Fidel Castro, tendo, em nome dos seus princípios éticos, renunciando à
"posição privilegiada que detinha na cúpula revolucionária".
Segundo
Rogelio, o seu pai teve que "pagar um preço muito alto" por denunciar
a "deriva ditatorial" que dominou a política de Fidel Castro. Após um
julgamento sumário, acusado de traição, Huber Matos foi condenado a uma pena de
20 anos de cadeia, que cumpriu integralmente, sofrendo privações e maus tratos.
Nas
palavras de Rogelio, o seu pai encarnava "a ânsia do povo cubano a ter uma
revolução genuína e não aquela que foi feita".
Nas
últimas horas de vida, revelou ainda Rogelio, Huber Matos conversou sobre
"a Venezuela e o impacto que os acontecimentos nesse país pode ter em
Cuba". "Morreu cheio de esperança", disse, adiantando que o
ex-comandante acreditava que a "mudança em Cuba não tardará".
A cerimônia
fúnebre de Huber Matos realiza-se no próximo fim de semana em Miami, mas, por
vontade do falecido, os seus restos mortais serão transladados para a Costa
Rica.
A Costa
Rica foi o país que acolheu Huber Matos quando esteve exilado pela primeira vez
em 1957. Foi também da Costa Rica que partiu para unir-se à guerrilha na Sierra
Maestra.
Huber Matos
estava hospitalizado desde terça-feira no Hospital Kendall, em Miami, com
graves problemas cardíacos.
O
ex-comandante, que combateu e ajudou a derrubar o ditador Fulgêncio Batista,
foi um dos líderes carismáticos da guerrilha revolucionária, ao lado de Fidel
Castro, até que as suas divergências ideológicas com a política deste o levaram
ao cárcere.
Huber
Matos nasceu no seio de uma família humilde em 1918 e doutorou-se em Pedagogia
pela Universidade de Havana, em 1944, e como professor nas zonas rurais
observou as difíceis condições em que vivia o campesinato, o que o marcou
profundamente.
Após o
golpe de Estado de Batista em 1952, uniu-se à guerrilha quatro anos depois.
Entrou triunfante em Havana, em janeiro de 1959, no mesmo veículo militar em
que seguiam Fidel Castro e Camilo Cienfuegos. Chegou a ser chefe militar de
Camaguey, antes de entrar em colizão com o líder revolucionário. com NM
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