A frase que matou o operário
"Não precisamos mais do seu
serviço",
Disseram-lhe os patrões, há dois meses e
pouco.
E ele se foi, sob o calor abafadiço
Daquela tarde, murmurando como um louco:
" Não precisamos mais do seu
serviço" .
,. Não precisamos mais do seu serviço..."
De tantos anos de trabalho era esse o troco
Que recebia. Em vez de lucro, apenas isso...
E ele consigo murmurava como um louco:
" N fIO precisamos mais do seu
serviço..,"
"Não precisamos mais do seu
serviço..."
Torou-se bruto e respondia, a praga e a soco,
Aos filhos e à mulher, famintos no cortiço,
E após, chorava murmurando como um louco:
"Não precisamos mais do seu
serviço..."
"Não precisamos mais do seu
serviço..."
E ele saía a ver emprego, triste e mouco,
Nada! Nenhum!... E cabisbaixo, o olhar
mortiço,
Ele voltava murmurando como um louco:
"Não precisamos mais do seu
serviço..."
"Não precisamos mais do seu
serviço..."
E cada vez sentia mais o cérebro oco.
Enforcou-se.Morreu. "Foi o diabo ou
feitiço..."
Ele murmurando, como um louco:
"Não precisamos mais do seu
serviço..."
Assis Garrido foi um poeta, teatrólogo,
jornalista, funcionário público (nascido em São Luís do Maranhão), membro da
Academia Maranhense de Letras (AML) e do Instituto Cultural Americano-Argentino.
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