sexta-feira, 14 de outubro de 2016

A poesia segundo Catulo da Paixão Cearense




O AZULÃO E OTICO-TICOS
SERTÃO EM FLOR (um trecho)
Sertão em flor (trecho) 

Vosmicês diga o que é
Um coração  de home véio
Que quanto mais véio fica,
Mais aprecia uma muié!
 
Vosmicês ri ?    Falo sério.

O coração do home véio
É um burro véio trotando,
Daqui e dali trupicando
Na derradeira viage,
Que faz lá pro cemitério,
Comendo pelos caminho
Um resto seco de espinho
Que vai topando no chão ,
Bebendo uns pingo de orváio
Dos óios – as duas cacimba
Da fonte do coração! ...

Em riba duma cangáia
Duas muié carregando
Com  o peso  todo da idade:
Uma, já morta: a Esperança,
Outra, inda viva: a Saudade,...

Até cair com a Esperança
E o cadáver da Saudade
E os frutos podres dos anos
Que ele leva no jacá,
Pra  recebê,  afiná,
O beijo de amô da boca
Da namorada dos véio,
Que toda mágoa alivia,
Que toda pena consola!...
A Morte, patrão, a Morte!
Essa cabôca fié!
Muda... Surda...Cega e fria,
Que, depois de uma  viola,
É a mais mió das muié.
Catulo da Paixão Cereanse  foi um poeta, músico e compositor maranhense.

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