quinta-feira, 3 de novembro de 2016

A poesia segundo Oswaldino Marques





Ritornelo dá pureza ameaçada

Minha ingenuidade por onde andas?
Minha menina não me abandones!
Ai! me corrompem as boas maneiras,
Já sei sorrir como um vilão,
Já sei curvar-me como um fantoche.
Hoje abracei um charlatão,
A um papalvo chamei de "mestre",
Já me assino "vosso servo humilde",
Já beijo a mão de imbecis madamas,
Já dobro a espinha como um camareiro.

Minha ingenuidade por onde andas?
Minha menina não me desprezes!

Oswaldino Marques nasceu em São Luís do Maranhão e faleceu em Brasília. Poeta, ensaísta, tradutor, teatrólogo. Viveu e participou de movimentos políticos e literários no Rio de Janeiro até ingressar na Universidade de Brasília. Esteve como professor visitante na Universidade de Michigan, EUA.

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