Pelo menos o carnaval tradicional está, o carnaval com características
populares. Os carnavais das marchinhas, dos blocos de sujo, dos fofões e Clóvis;
esse está sendo substituído pelo carnaval estilizado, onde o samba e a marcha
de carnaval feitas para o reinado de Momo, estão dando lugar ao sertanejo universitário,
o forró e outras esquisitices mais.
O cantor e compositor baiano, Caetano Veloso, ao perceber
essa descaracterização do carnaval de rua, tentou reagir, ao criar frevos memoráveis
como Samba, Suor e Cerveja e a Filha da Chiquita Bacana.
As marchinhas de carnaval tiveram seu auge nos anos 30, 40
e 50. Dos anos 60 em diante, as marchinhas começaram a perder espaço para os sambas-enredo.
As escolas de samba, agremiações de grandes sambistas, começavam a ditar quais
eram os sucessos. Alguns compositores, como Chico Buarque, se arriscaram a
escrever as suas marchinhas. Caetano Veloso também se arriscou, mas flertou com
outro gênero, o frevo, que anima em Pernambuco, tal qual as marchinhas no Rio
de Janeiro, a festa de carnaval. Mas ficou nisso.
Para dar o tiro de misericórdia no verdadeiro carnaval brasileiro
(carnaval da rua), eis que a baianada nagô, movida pelo espírito capitalista,
resolveu radicalizar nas suas inovações e passou a incorporar elementos
estranhos ao verdadeiro carnaval, como por exemplo, receber nos trios elétricos,
cantores sertanejos, bandas de forró e o que é pior ainda: a explosão do
pagode, um ritmo lento, de letras pobres e muito sensuais. Carnaval como eu
entendo é explosão e alegria. Sensualidade é boa entre quatro paredes ou em clubes de stripe-tease.
Os grupos Harmonia do Samba, Psirico e Léo Santana e
outros do gênero, movidos pela grande mídia e as grandes gravadoras, expurgaram
cantores como Missinho, Armadinho e Luiz Caldas do carnaval baiano. O Carnaval Fora de Época que surgiu com a onda do
Trio Elétrico, uma criação dos baianos Dodô e Osmar, está morrendo, porque
ninguém suporta mais o pagode que assassinou o axé.
Um carnaval animado pelo grupo Chiclete Com Banana não se
compara com um carnaval feito pelo grupo Harmonia do Samba, Michel Teló, Luan
Santana e Aviões do Forró. Desnecessário que os pagodeiros, sertanejos e a turma
do forró estilizado, estupraram o carnaval da Bahia.
O estado do Maranhão, o único estado que vinha se mantendo
fiel às tradições, no carnaval de 2017 procurou imitar o carnaval pernambucano,
ao convidar os cantores Zeca Baleiro, Chico Cesar e Fafá, para “animar” o carnaval
ludovicense. O Maranhão acaba de se render ao novo carnaval brasileiro. Puta
que pariu!
Nenhum comentário:
Postar um comentário