sexta-feira, 16 de novembro de 2018

A poesia segundo Catulo da Paixão Cearense


A flor do maracujá
 


Encontrando-me com um sertanejo 
Perto de um pé de maracujá
Eu lhe perguntei: 
Diga-me caro sertanejo 
Porque razão nasce roxa 
A flor do maracujá?
Ah, pois então eu lhi conto 
A estória que ouvi contá
A razão pro que nasci roxa 
A flor do maracujá
Maracujá já foi branco 
Eu posso inté lhe ajurá
Mais branco qui caridadi 
Mais brando do que o luá
Quando a flor brotava nele 
Lá pros cunfim do sertão
Maracujá parecia 
Um ninho de argodão
Mais um dia, há muito tempo 
Num meis que inté num mi alembro 
Si foi maio, si foi junho 
Si foi janero ou dezembro 
Nosso sinhô Jesus Cristo 
Foi condenado a morrer
Numa cruis crucificado 
Longe daqui como o quê
Pregaro cristo a martelo 
E ao vê tamanha crueza 
A natureza inteirinha 
Pois-se a chorá di tristeza 
Chorava us campu 
As foia, as ribera 
Sabiá também chorava 
Nos gaio a laranjera 
E havia junto da cruis 
Um pé de maracujá
Carregadinho de flor
Aos pé de nosso sinhô
I o sangue de Jesus Cristo 
Sangui pisado de dô
Nus pé du maracujá 
Tingia todas as flor
Eis aqui seu moço
A estoria que eu vi contá
A razão proque nasce roxa 
A flor do maracujá.
 
Nasceu Catulo da Paixão Cearense em 8 de outubro de 1863, em São Luiz, Estado do Maranhão, à rua Grande, (hoje Oswaldo Cruz) nº 66. Filho de Amâncio José Paixão Cearense (natural do Ceará) e Maria Celestina Braga (natural do Maranhão). Sua infância até os 10 anos se passou em São Luiz do Maranhão. Catulo foi autodidata autentico. Suas primeiras letras foram ensinadas por sua genitora e toda sua grande cultura foi adquirida em livros que comprava e por sua franquia à Biblioteca do Senador do Império, por ser professor dos filhos do Conselheiro Gaspar da Silveira. “Luar do Sertão” foi a sua maior importante obra literária e musical.  


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