quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

Dentro de um ano veloz

O tempo transcorrido dentro de casa em tempo de pandemia parece passar mais rapidamente ou será que é a nossa ansiedade que faz o tempo correr numa velocidade tão surpreendente que que de repente o ano de 2020, passou e não vimos o tempo passar? Não resta nenhuma dúvida de que a pandemia e o isolamento social detonam o transtorno de ansiedade que se manifesta na forma de uma preocupação intensa, excessiva e o persistente medo de situações cotidianas, o que nos leva a achar que o tempo está passando mais rapidamente.

A velocidade que supomos fazer o tempo transcorrer mais veloz não existe, basta observar o funcionamento do relógio que segue sem alteração. O que contribui na realidade para que achemos que o tempo anda passando veloz em tempos de pandemia são os veículos de comunicação que nos bombardeiam com notícias que nos ‘aprisionam’ com uma enxurrada de informações, muitas delas desnecessárias e sem nenhuma relação com a nossa realidade e quando vemos, de tão absorvidos que estamos com os sites de notícias, a televisão aberta, a televisão por assinatura, os streamings (Netflix, Prime Vídeo, Globo play, Telecine, Disney e Now), o tempo passou veloz como imaginamos. O que não é verdade, porque o tempo continua no seu ritmo normal, o que acontece é que a nossa angustia é que nos leva a concluir pela passagem rápida do tempo.  

Sugiro que desaceleremos e reduzamos o nosso grau de ansiedade a limites suportáveis e que deixemos de lado por um tempo esses veículos de comunicação que se por um lado produzem entretenimento, por outro lado, criam dependência. E a dependência produz distúrbios que causam nervosismo, medo, apreensão e preocupação. Isso representa um risco para a nossa saúde.

Sugiro às pessoas viciadas nessas novas tecnologias que passem a adotar uma vida simples, uma vida desapegada, procurando na medida do possível sair de casa para fazer uma longa caminhada por lugares ermos. Uma vida simples que nos liberte das coisas que produzem desassossego, impaciência e a pressa de chegar ao final do dia, ao fim do mês, ao final do ano e o recebimento do salário.  

Esse tempo veloz que julgamos estar acontecendo em nossas vidas, nada mais é que o fruto da ansiedade que o isolamento social provoca nas pessoas que para se protegerem de uma pandemia que a cada dia que passa se revela mais assustadora são obrigadas a se isolarem cada vez mais e a buscarem refúgio num entretenimento que vicia e cria dependência.

por Tomazia Arouche

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