Para que o Brasil se transforme num país realmente sério, basta mudarmos as regras de um jogo político, que embora esteja sob um regime democrático, só se mantém de pé, porque os presidentes de plantão se submetem aos imperativos de um sistema presidencialista de coalizão (um conceito criado pelo sociólogo Sérgio de Abranches), que imobiliza o presidente de modo a que o chefe de estado ceda as negociatas propostas e impostas pelos integrantes do Congresso Nacional. Negociatas essas que envolvem a troca de votos por liberações de emendas parlamentares, cargos e empregos na máquina administrativa do governo federal.
O presidencialismo de coalizão não seria um problema brasileiro, se os nossos políticos não tivessem uma mentalidade tacanha do tipo que coloca o interesse individual acima do interesse coletivo ou da nação. Um sistema que custa muito caro ao país e a sua lógica condena esta nação ao atraso. Não é difícil ver porque isso acontece, e isso nos foi revelado pela Operação Lava Jato, que revelou ao país os piores vícios da política nacional que uma nação poderia ter e que são: o clientelismo, a patronagem e uma corrupção endêmica.
A Operação Lava Jato expôs as entranhas desse sistema que atende pelo nome de presidencialismo de coalizão. Hoje é possível entender como funciona o esquema pelo qual setores dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário trabalham em favor de grupos que buscam obter rendas fáceis, seja por meios legais, seja por meios ilícitos.
O presidencialismo difere do parlamentarismo justamente pelas origens distintas dos poderes executivo e legislativo. Na maioria das vezes a coalizão é feita para sustentar um governo, dando-lhe suporte político pelo legislativo (em primeiro lugar) e influenciando na formulação das políticas (secundariamente).
A disfunção do nosso sistema de governo é algo acordado, entendido entre aqueles que formam o corpo administrativo do país e aqueles a quem constitucionalmente cabe o papel de fiscalizador das ações do governo. Tudo combinado e acertado de modo a que a troca de favores se dê na forma de reciprocidade. Na base do toma lá dá cá ou do é dando que se recebe.
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