“Os policiais se arvoram ao direito de exterminar, de executar sumariamente. Foi isso que aconteceu na comunidade do Jacarezinho. O Brasil não tem pena morte, mas tem morte sem pena e isso é até pior”, diz o tenente-coronel aposentado Adilson Paes de Souza, doutor em psicologia pela USP.
Assistimos diariamente ao espetáculo, ao show e à glamorização da violência que é levada ao ar diariamente pelos programas conhecidos como Mundo Cão e que tem no apresentador Luiz Datena, um dos seus maiores expoentes. A violência espetáculo no rádio e na televisão que teve nos apresentadores Gil Gomes e Jacinto Figueira Junior (o homem do sapato branco), no século passado, os seus maiores representantes.
A violência que iremos tratar aqui neste texto é a violência policial que assusta, mete medo e que faz com que a sociedade civil deixe de ver no policial, um agente da lei e um protetor da sociedade e passe a vê-lo como um algoz dessa mesma sociedade. Os massacres do Carandiru e da favela do Jacarezinho que não me deixam mentir.
É evidente que as policias brasileiras no dia a dia não lidam com pessoas pacíficas e civilizadas, mas, com criminosos que não pensam duas vezes na hora de cometerem crimes. Muitos deles com todo requinte de crueldade, mas, o que diferencia o policial do bandido é a formação de ambos. Sendo que o policial, via de regra, teve a oportunidade de frequentar o banco de uma escola, ser criado num ambiente menos hostil e ter recebido no centro de formação de policias e academias militares, o preparo para serem policiais cidadãos. Isso em tese, porque na prática não é isso que vemos. Enquanto que o criminoso, via de regra, foi criado no oco do mundo e levando porrada de tudo quanto é lado.
A institucionalização da violência policial no Brasil é um fenômeno que deve ser compreendido e superado. O fenômeno da violência está cada vez mais presente no cotidiano das pessoas e das sociedades em geral, sobretudo naquelas mais complexas. A violência no Brasil é fruto de uma ideologia, porque formada por convicções arraigadas, princípios, valores, conceitos, juízos, doutrina e na glorificação da ação policial.
Em alguns países desenvolvidos, o policial não usa arma e quando a usa, o faz com uma arma não letal. Mas, no Brasil, o policial atira no suposto bandido e só depois é que ele vai saber se a pessoa em que atirou é realmente um bandido ou não. E a arma usada pelo policial brasileiro não é uma arma de brinquedo. O policial brasileiro atira para matar mesmo.
Dois filmes brasileiros podem ser usados como o retrato fiel da violência policial no Brasil: Tropa de Elite I e II. Com destaque para o Capitão e Cel. Nascimento. Ah, se os nossos policiais tivessem o perfil do Cel. Nascimento, de um policial justo e indignado com a deformação que caracteriza as nossas policias!
“Brasil tem morte sem pena”, diz o tenente-coronel aposentado da PM Adilson Paes de Souza, doutor em psicologia pela USP sobre mortes no Jacarezinho.
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