segunda-feira, 14 de junho de 2010

O futebol nos ajuda a suportar a violência e a miséria

A euforia que toma conta do nosso país num momento como este que antecede aos jogos da seleção brasileira de futebol, leva qualquer estrangeiro a pensar que nós os brasileiros vivemos num verdadeiro paraíso, porque a alegria geral é contagiante.

A televisão que se alimenta do futebol e da violência, dois assuntos que elevam a audiência de qualquer emissora neste país, investe rios de dinheiro na cobertura dos jogos de futebol, dentro e fora do país e transforma à violência em espetáculo, porque é um investimento que tem retorno garantido, sobretudo agora que as classes C, D e E, adquiriram poder de compra através do crédito consignado. E são essas classes sociais que assistem as TVs abertas.

Mas o estrangeiro que se interessar em conhecer a realidade brasileira, perceberá facilmente que essa nossa alegria, não faz sentido, haja vista, a miséria e a indigência que formam um verdadeiro cinturão em volta das grandes cidades brasileiras, lá onde as pessoas ainda vivem morando em palafitas cobertas de papelão, sendo sugadas pelos mosquitos, sem sentinas e vivendo de biscates. Mas os moradores desses lugares, que fazem parte da degradação social ainda se sentem motivados para vibrar com os jogos da seleção ou dos clubes de futebol.

O governo federal equivocadamente ou com segundas intenções, ainda permite que empresas como a Petrobras, cujos produtos para serem comercializados não precisam de propaganda, banquem alguns clubes de futebol que mantém nos seus quadros jogadores a peso de ouro, com salários extremamente altos para a realidade brasileira. Um dinheiro que poderia muito bem ser usado para erradicar essas palafitas e oferecer aos seus moradores uma moradia muito mais digna.

No interior do Brasil, a realidade não é muito diferente da realidade das grandes cidades, pois a ausência de políticas sociais que permite que os pobres que lá vivem abaixo da linha de pobreza é a mesma dos grandes centros urbanos. O programa Bolsa Família do governo federal, suaviza um pouco essa grave situação, mas também ajuda a mantê-la, uma vez que as pessoas que dependem hoje desse programa, não estão sendo preparados e estimulados a mudarem de vida.

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