terça-feira, 31 de agosto de 2010

Fidel Castro assume que perseguia homossexuais

Na segunda parte de uma entrevista para o diário mexicano "La Jornada", publicada nesta terça-feira, o líder cubano Fidel Castro admitiu sua culpa pela marginalização dos homossexuais em Cuba nos anos 60 e 70, quando foram levados para campos de trabalho.

Na véspera, na primeira parte da entrevista, Fidel surpreendeu ao admitir ter 'ressuscitado' da grave doença que o afastou do poder.

"Se alguém é responsável, sou eu... Está certo que, naquele momento, não tinha como me ocupar do assunto... Eu me encontrava imerso principalmente na Crise de Outubro (1962), com a guerra, com as questões políticas", declarou o ex-governante ao jornal referindo-se à perseguição homossexual.

Fidel, de 84 anos, não responsabilizou diretamente o Partido Comunista (PCC) pela discriminação sexual e lamentou não ter prestado mais atenção ao tema em uma época de sabotagens, ataques armados e tentativas de atentado contra ele.

"Não era uma tarefa fácil escapar da CIA, que comprava tantos traidores, às vezes entre eles mesmos. Mas, no final das contas, de qualquer maneira, se for preciso assumir a responsabilidade, eu assumo. Não vou jogar a culpa em ninguém", reafirmou o líder comunista, na entrevista difundida no site oficial Cubadebate.cu.

Nos anos 60 e 70 muitos homossexuais foram exilados ou encarcerados em campos de trabalho, as chamadas Unidades Militares de Ajuda à Produção (UMAP), por não corresponder ao modelo "revolucionário".

"Sim, foram momentos de grandes injustiças, uma grande injustiça! Eu fiz com que fosse. Estou tentando delimitar a minha responsabilidade em tudo isso porque, pessoalmente, não tenho esse tipo de preconceito", declarou.
O líder cubano, que depois de governar 48 anos delegou o poder ao irmão Raúl em 2006 por causa de uma grave crise de saúde, reconheceu o impacto negativo da marginalização homossexual na imagem da revolução em diversos setores, sobretudo na Europa.

"É como quando o santo peca, não é? Não é o mesmo quando peca o pecador", comentou Castro, que nos últimos dois meses vive uma intensa atividade pública, recuperado de uma doença intestinal.

A entrevista também menciona a campanha contra a homofobia liderada por sua sobrinha, a filha do presidente Raúl Castro, Mariela, diretora do Centro Nacional de Educação Sexual. Em janeiro, ela afirmou que ainda existia discriminação no PCC, dizendo ainda que reivindicaria medidas para combater isso.

Fidel, que também abordou nesta parte da entrevista a vigência do embargo imposto pelos Estados Unidos contra Cuba em 1962, mencionou na primeira parte publicada na segunda-feira o sensível tema de sua doença. "Cheguei a morrer, mas ressuscitei" em "um mundo de loucos", afirmou. (AFP)

Em TemPo:

Fidel Castro viver 100 anos para pagar tudo que fez de mal ao povo cubano. O que ele tem sofrido ainda é pouco pelo que ele fez contra a liberdade de um povo que lutou contra um tirano para cai na mão de um ditador sanguinário.

siga no Twitter o blog Dom Severino ( severino-neto.blogspot.com) @domseverinoe Portalaz

Nenhum comentário: