domingo, 22 de agosto de 2010

São Luiz Quatrocentão (400 anos)

por Ubiratan Teixeira

Selecionando material par formatar um livro que a “Ética”, Editora criada na cidade de Imperatriz por essa criatura muito especial que é Adalberto Franklin, encontrei em 1998 um registro sobre a passagem dos 386 anos da fundação oficial da cidade de São Luís, onde lembrava a quem de direito, nossos 400 anos que acontecerá em 2012.

É claro que a crônica não tocou nem um pouquinho os homens públicos da época: e por que pensar em algo tão remoto se 14 anos mais tarde muitos já teriam virado um reles punhado de pó? Pois o que não somos mesmo é a terra do já teve.

Mesmo na expectativa desse tsunami anunciado para o próximo ano que varrerá do mapa nossa Ilha e boa fatia do nosso litoral, volto a lembrar o oito de setembro de 2012 considerando com todo respeito que não somos esse reles covil de inúteis e babacas sem registro e sem memória assim como nos trata o político sem projeto de vida e o sulista imperialista.

Independendo das vaidades e soprando para longe as areias brilhantes, esses efêmeros berloques da vaidade humana, não seria nada mal que as pessoas racionalmente bem dotadas tentassem pensar nesses 400 anos: afinal não somos um montinha qualquer de titica de galinha mesmo contra a vontade de paulistas, gaúchos e cariocas. Se o político como representação física acha que é pura perda de tempo pensar numa festinha de 400 anos (por que desviar a atenção do gueto eleitoral em tempo de eleição é arriscar seu “futuro”?) temos as instituições do tipo Academia Maranhense de Letras, as duas maiores Universidades, Fundação da Memória Republicana, Associação Comercial, etc, etc, etc.. que formariam um grupo de autênticos bem intencionados constituindo a “Frente dos 400 Anos”. Uma comissão criteriosa, apolítica, escoimada dos compadres, xeretas e afilhados, para construir com inteligência um grande evento onde figurassem importantes e representativas retrospectivas, publicações de obras significativas da cultura maranhense no campo da história, da antropologia, das artes (repensar esse magnífico Arte do Maranhão - 1940/1990, que por quizilhas políticas foi jogado na lixeira. Ampliá-lo expurgando-o de inserções indevidas e adequando o espaço a todos os artistas) – se ninguém tiver um exemplar que sirva de modelo eu empresto o meu, que Dr. Eliezer me deu por baixo do pano -, realização de uma grande feira de arte, de grandes espetáculos - mas espetáculos verdadeiros de teatro e dança.

É uma idéia utópica, bem sei; delírio de lírico em processo de esclerosamento que de repente levará dili-gentes assessores a lembrar seus servidores, qual Menfistófeles de opereta de subúrbio que investir tempo e saliva, sem ter segurança de um bom dividendo político e econômico, é pura perda de tempo.

Mas a verdade é que sempre faltou alguma coisa para nós, ao longo desses quatrocentos anos de certidão de nascimento que nos fizesse respeitado fora de nossas fronteiras.

Fizemos ou não fizemos uma boa música erudita e sacra ou o acervo ajuntado por João Mohana é balela? Nossa música popular é de qualidade esmerada, até mesmo essa coisa chula que é o tal reggae, feito pelo maranhense é primoroso. Colocando-se os valores nos seus lugares, será que a escultura feita no momento por Cordeiro seja em alguma coisa inferior à de Celso Antônio? Ariel Vieira de Morais não produziu uma obra exemplar? A poesia de Nauro não tem lugar distinto na literatura universal? A pintura de Antonio Almeida tem nível internacional ou não tem? Adquiri o hábito de contestar esses colonizadores de araque que vêm pra cima de mim com essa conversa fiada de ser o melhor em tudo, mostrando que toda revolução na estética literária do Brasil partiu sempre de um maranhense. Quem tem o topete de me contradizer?

Deveríamos, pelo menos uma vez em quatrocentos anos de vida, se a tsunami não acontecer, sair da ganzola onde nos homiziamos e mostrar ao mundo que não devemos favor a ninguém.

Seria um bom exercício nos vários campos do conhecimento para a UFMA e a Uema; seria uma chance supimpa para a Academia Maranhense de Letras com sua plêiade de bons empreendedores entre os quais pontifica agora Joaquin Haikel provar à intelectualidade internacional que ela não foi pensada só para dar vida à Universidade; Joaquim Itapary, borbulhante de idéias, poderá envolver a Fundação da Memória Republicana num grande projeto. Gente! Tem tanta gente de tutano na história do Mara-nhão...


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