(FRAGMENTO)
Se é só
exílio quando o fora
Faz-se
dentro a própria ausência,
Para quem
consigo mora
Estrangeiro
em sua existência,
Sou a pátria
do exílio agora,
Nela andando
em minha essência;
Se a comida
como almoço
Só mata a
fome vizinha,
E o verbo,
alimento insosso
De uma fome
em mim daninha,
Faz-se
refeição de um só osso
Para a boca
que é só minha;
Se pelo fio
da navalha
Que pela
minha alma entrou,
Minha
existência é a palha
Onde o fogo
se alastrou,
Para o fim
que me trabalha
No inferno
que eu próprio sou.
NAURO MACHADO foi um poeta maranhense. Nauor faleceu em 28 de novembro de 2015. Sobre ele - disse o seu conterrâneo
e também poeta, Ferreira Gullar: “É difícil
qualificar esses poemas escritos, por assim dizer, no avesso da linguagem. Não
é pela compreensão lógica que eles nos atingem mas pelo sortilégio de um falar
desconcertante e único.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário