quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Num mundo cruel e insensato

 

Começo este meu texto/depoimento dizendo que todo casal, todo homem e toda mulher deseja ter um filho. Alguém que seja a sua imagem e semelhança. Um desejo natural, um desejo compreensível e humano, admitamos. Mas, como eu sou uma pessoa bastante realista, uma pessoa que se preocupa permanentemente em acompanhar as transformações que se operam no mundo, isso faz de mim uma pessoa não só realista como também muito pessimista com relação ao futuro da humanidade e muito temeroso com relação ao futuro dos nossos filhos e netos.

Quando eu tive minhas duas filhas na década de 80, o mundo, já não era um bom lugar para se viver, porque, já era inseguro com relação a uma violência generalizada. Uma violência provocada pelo recrudescimento do uso de drogas ilícitas, o aumento do desemprego, a desestruturação das famílias e um permanente clima de incertezas. O que significa dizer que já naquela época, colocar filhos num mundo como este não era uma atitude sensata.

Se naquele tempo, o mundo já era inseguro, violento, cruel e dominado por todo tipo de incertezas, imagine hoje, com o mundo superpopuloso, dominado pelas máquinas e o surgimento de novas tecnologias que praticamente eliminam o trabalho humano?!

Com base em tudo isso que está escrito acima, posso afirmar sem medo de ser tomado por uma pessoa exageradamente pessimista - que colocar um filho neste mundo insensato e cruel é uma temeridade. Num mundo movido pelo egoísmo é no fundo uma atitude deveras egoísta.        

No passado, a única preocupação dos pais era em poder propiciar aos seus filhos o acesso a uma educação de boa qualidade o que garantiria um emprego seguro e bem remunerado. Hoje em dia, só a educação de excelente qualidade não basta, não é suficiente para garantir ao homem e a mulher uma vaga num mercado de trabalho muito disputado e seletivo. 

Hoje em dia é muito comum nós nos depararmos com homens e mulheres adultas que continuam morando com os seus pais, porque ainda não conquistaram suas independências financeiras - o que lhes permitiria conquistar suas autonomias e abandonar as casas dos seus pais. 

Por Tomazia Arouche

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