domingo, 27 de dezembro de 2015

Mudos, por Eduardo Galeano



Muito são os anéis que seus aniversários desenharam em seu tronco. Estas árvores, estes gigantes cheios de anos, levam séculos cravados no fundo da terra, e não podem fugir. Indefesos diante das serras elétricas, rangem e caem. Em cada derrubada o mundo vem abaixo; e a passarada fica sem casa.
Morrem assassinados os velhos estorvos. Em seu lugar, crescem jovens rentáveis. Os bosques nativos abrem espaço para os bosques artificiais. A ordem, ordem militar, ordem industrial, triunfa sobre o caos natural. Parecem soldados em fila os primeiros eucaliptos de exportação, que marcham rumo ao mercado internacional.
Fast food, fast food: os bosques artificiais crescem num instante e vendem-se num piscar de olhos. Fontes de divisas, exemplos de desenvolvimento, símbolos do progresso, esses criadouros de madeira ressecam a terra e arruínam os solos.
Neles, os pássaros não cantam.
As pessoas os chamam de bosques do silêncio.   

Em tempo:

O Brasil está sendo invadido por plantas exóticas, como o Nim indiano que está destruindo o bioma caatinga e ninguém n estado do Piauí levanta sua voz contra esse crime ambiental. O município de São Raimundo Nonato (PI) está sendo tomado por essa planta que acaba com a abelha nativa e nós os brutos silenciamos. A UFPI nunca se preocupou em desenvolver um estudo sobre essa planta. Aliás, esta nossa universidade parece que desconhece esse fenômeno.

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